Sinopse
Em meados do século XX, nos Estados Unidos, a compreensão do estupro era limitada. Segundo a percepção tradicional, o ato era um crime abominável cometido pelo outro: em solo nacional, representado pelo negro, no exterior, pelo alemão. As mulheres precisavam ser protegidas desses bárbaros, porém as que não obedeciam aos protetores estavam pedindo para serem estupradas. Já entre os liberais, a ascensão da psicanálise popularizava a ideia de que a sexualidade feminina era masoquista por natureza, e os entusiastas da revolução sexual interpretavam a resistência da mulher como uma inibição puritana a ser superada. Para alguns setores da esquerda revolucionária, o estupro não passava de uma “mentira capitalista”.
No início dos anos 1970, inspirada pelo trabalho junto às companheiras do movimento feminista, a jornalista e ativista estadunidense Susan Brownmiller resolveu investigar o tema do estupro. Examinando leis, estudos antropológicos, representações de estupro em livros e filmes, estatísticas policiais, julgamentos de crimes de guerra e muitos relatos pessoais, ela encontrou ecos das mesmas presunções masculinas: é impossível estuprar uma mulher contra sua vontade, ser estuprada é prazeroso, a acusação de estupro é um instrumento de vingança… A perspectiva feminina não era levada em consideração, e Brownmiller foi uma das vozes mais proeminentes na batalha para mudar isso.
Com seu 50º aniversário se aproximando, Contra nossa vontade é lembrado como propulsor das mudanças legislativas que criminalizaram o estupro marital nos Estados Unidos. Incluído pela Biblioteca Pública de Nova York na lista dos cem livros que moldaram o século, a obra é essencial para entender o contexto do surgimento dos coletivos feministas nas décadas de 1960 e 1970 e as consequências desse movimento na atualidade.
Recepção
“Contra nossa vontade é a história do estupro em todas as suas manifestações, evidentes e sutis. Uma sessão de conscientização que forçará homens e mulheres a agonizarem com suas suposições.”
— THE NEW YORK TIMES
“Susan Brownmiller obteve sucesso numa tarefa excepcional e dificílima: escreveu uma obra que é uma leitura obrigatória e também uma leitura agradável. Como experiência literária, o livro é tão excelente quanto as ideias contidas nele. Contra nossa vontade traz uma visão de mundo que ninguém havia apresentado antes.”
— CHICAGO TRIBUNE BOOK WORLD
“Necessário, é uma revelação hedionda e deveria ser leitura obrigatória.”
— LOS ANGELES TIMES BOOK REVIEW
“É um livro radical no sentido mais puro da palavra, com certeza mudará nossa maneira de pensar não apenas sobre o ato de estupro, mas sobre as relações entre homens e mulheres […]. Fruto de uma pesquisa minuciosa, Contra nossa vontade é bem embasado e escrito de forma lúcida, uma obra de originalidade impressionante que vai muito além das estatísticas de estupro, desafiando pressupostos amplamente aceitos pela sociedade. […] Uma obra emblemática, um dos livros mais importantes da década.”
— HOUSTON CHRONICLE
“O mais abrangente estudo sobre estupro já apresentado ao público.”
— NEWSWEEK